Dados do Trabalho

TÍTULO

Uso do teste de HPV associado a citologia na prevenção do câncer de colo uterino em indígenas

OBJETIVO

Descrever a distribuição dos genótipos do Papilomavírus Humano (HPV), alterações citológicas e fatores sociodemográficos em uma coorte populacional de mulheres indígenas que foram submetidas ao rastreamento do câncer do colo do útero com citologia e teste de HPV. As variáveis sociodemográficas e clínicas foram registradas.

MÉTODOS

Estudo prospectivo com indígenas de aldeias do município de Aracruz, Espírito Santo (ES) com dados de questionários aplicados em consulta ginecológica ambulatorial, de amostras de citologia cervical e de teste de HPV pela técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR), em um Hospital Universitário de Vitória, ES. As amostras cervicais foram coletadas entre setembro de 2020 e maio de 2021. O estudo possui aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa, com número do CAAE 22563019.6.0000.5060.

RESULTADOS

Foram incluídas 125 pacientes indígenas, a média de idade foi de 42,9 anos, de escolaridade 9,2 anos de estudo, de coitarca 16,1 anos, de quantidade de filhos vivos 3,2, enquanto 70,4% são casadas ou com união estável, 64% não utilizam método contraceptivo e apenas 3,2% relataram fazer uso de preservativo masculino nas relações sexuais. Nos resultados dos exames citopatológicos de colo uterino 95,83% eram negativos para malignidade e 4,17% evidenciaram presença de células escamosas atípicas de significado indeterminado. O teste de biologia molecular detectou HPV em 3,2% das pacientes, dentre eles 66,67% eram de alto risco (subtipo 16), 22,23% de risco intermediário (subtipos 31, 51 e 52) e apenas 11,12% de baixo risco (subtipos 6 e 11). Os de alto risco foram encontrados naquelas com idade entre 35 e 51 anos. Além disso, esse exame também identificou a presença de "Chlamydia trachomatis", "Neisseria gonorrhoeae" e "Trichomonas vaginalis" em respectivamente 1,6%, 0,8% e 0,8% do total de amostras, todas em pacientes com menos de 25 anos.

CONCLUSÕES

A utilização da técnica PCR auxiliar se mostra uma ferramenta diagnóstica complementar de grande utilidade prática, devido a alta sensibilidade do teste de HPV para detecção de pré-câncer no colo do útero. Os subtipos oncogênicos de HPV são um excelente marcador
para predizer o risco atual e futuro de lesões intraepiteliais cervicais de alto grau. No caso dessa população de mulheres indígenas, mesmo com baixa taxa de uso de preservativo a prevalência de alterações citológicas cervicais, de HPV e de infecções sexualmente transmissíveis foi pequena.