Dados do Trabalho
TÍTULO
O escore ABC2-SPH como preditor de óbito e ventilação mecânica em gestantes internadas com covid-19
OBJETIVO
Avaliar o desempenho do escore ABC2-SPH na predição de mortalidade hospitalar e necessidade de ventilação mecânica invasiva, em gestantes com covid-19, além de comparar as características das gestantes que morreram, com aquelas que receberam alta com vida.
MÉTODOS
Coorte multicêntrica retrospectiva, que incluiu gestantes admitidas por covid-19 confirmada nos 24 hospitais participantes, de abril/2020 a março/2022. Os desfechos primários foram mortalidade intra-hospitalar e o desfecho composto de ventilação mecânica invasiva ou óbito. O escore ABC2-SPH que foi previamente desenvolvido por nosso grupo e validado para pacientes não gestantes com covid-19, inclui as variáveis: idade, ureia sérica, comorbidades, proteína C reativa, relação saturação periférica de oxigênio por fração inspirada de oxigênio (SpO2/FiO2), contagem de plaquetas e frequência cardíaca, sendo o único escore validado para a população brasileira. O presente estudo avaliou a discriminação e o desempenho geral do modelo de predição na coorte de gestantes. A discriminação foi avaliada pela área abaixo da curva ROC (receiver operating characteristic, AUROC) e o desempenho geral foi avaliado pelo escore de Brier. O estudo foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CAAE 30350820.5.1001.0008).
RESULTADOS
No total, 317 gestantes foram incluídas (idade mediana de 30 [intervalo interquartil: 25, 36] anos): 21,5% necessitaram de ventilação mecânica invasiva e 6,6% morreram. Obesidade (12,9%), diabetes (8,8%) e hipertensão (11,4%) foram as comorbidades mais prevalentes. A AUROC para óbito e para a necessidade de ventilação mecânica foi 0,767 (95% CI: 0,656-0,861) e 0,705 (95% CI: 0,635-0,775), respectivamente, com um bom desempenho geral (Brier=0,009 e 0,16, respectivamente). Gestantes que morreram tinham uma idade mediana quatro anos maior, uma mediana menor da razão SpO2/FiO2 (333,0 vs 457,1, p=0,003), além de maior frequência de doenças hipertensivas (38,1% vs. 9,5%, p<0,001) e obesidade (28,6% vs. 11,8%, p=0,04) do que aquelas que não morreram. Além disso, seus recém-nascidos apresentaram menor peso ao nascer (2,000 vs. 2,808 kg, p=0,001) e menor índice de Apgar do quinto minuto (3,0 vs. 8,0, p<0,001).
CONCLUSÕES
O escore ABC2-SPH teve um bom desempenho geral como preditor de mortalidade hospitalar e necessidade de ventilação mecânica invasiva. Os recém-nascidos de mulheres que morreram apresentaram menor peso ao nascer e menor índice de Apgar do que daquelas que receberam alta com vida.
Área
OBSTETRÍCIA - Doenças infecciosas na gestação
Autores
Carolina Cunha Matos, Zilma Silveira Nogueira Reis , Lucas Emanuel Ferreira Ramos, Polianna Delfino Pereira , Thaís Lorenna Souza Sales, Milena Soriano Marcolino, Bárbara Machado Garcia, Magda Carvalho Pires