60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

IMPACTO INICIAL DA PANDEMIA COVID-19 NO RASTREAMENTO DE CÂNCER DE COLO UTERINO COM TESTE DE HPV

OBJETIVO

Avaliar os efeitos da pandemia COVID-19 no programa de rastreamento organizado de câncer de colo uterino com teste de DNA-HPV, através do número e positividade dos testes de rastreio e estimativas de coberturas nos períodos antes, durante e “após” a pandemia.

MÉTODOS

Estudo de séries temporais com tamanho amostral de base populacional de estudo de demonstração do Programa PREVENTIVO, modelo de organização de rastreamento no SUS, iniciado em 10/2017 em cidade brasileira. Foram considerados testes de rastreio de outubro de 2017 a abril de 2022, divididos em períodos: pré-pandemia (10/2017-03/2020), pandemia (04/2020-07/2021), e “pós-pandemia” (08/2021-04/2022) a partir do retorno das atividades das UBS. A análise considerou as faixas etárias 25-34, 35-49 e >50 anos e 50% da população de 2020, usuária do SUS, totalizando 31.752 mulheres, correspondendo a 588 testes/mês para 100% de cobertura em 60 meses. O controle do programa não permite duplicação de testes. As associações foram testadas pelo qui-quadrado e odds ratio (OR) com intervalo de confiança de 95%, comparando os períodos de pandemia e “pós-pandemia” com o período pré-pandemia, padrão de rotina. A tendência temporal do número de testes realizados foi avaliada pelos testes de Cochran-Armitage e de tendência linear, com p<0,05 para significância. O projeto foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa pelo CAAE: 43815315.9.0000.5404.

RESULTADOS

Foram rastreadas 18.745 mulheres, 15.672 no período pré-pandêmico passando para 1.287 no período pandêmico e 1.786 testes em nove meses na “pós-pandemia”. A cobertura estimada caiu de 87,2% no período pré-pandemia para 56,9% nos 55 meses estudados. A faixa etária de 35 a 49 anos, prioritária para os programas, apresentou tendência de queda significativa no período pós-pandemia com menos 3,3 mulheres testadas por mês (p=0,037). A positividade geral dos testes de HPV aumentou nos períodos de pandemia e “pós-pandemia”. A faixa etária de 35 a 49 anos apresentou a maior taxa de detecção para HPV16 (OR=1,58 [0,92-2,59]) e HPV18 (OR=2,88 [1,39-5,53]).

CONCLUSÕES

Houve queda significativa na cobertura de rastreamento, de 87,2% para 56,9%, relacionada à pandemia de COVID-19, com recuperação incipiente em nove meses “pós-pandemia”. As mulheres de 35 a 49 anos apresentou maior tendência de queda nos testes realizados na “pós-pandemia” com aumento das taxas de testes positivos, indicando uma necessidade de ações prioritárias para este grupo.

Área

GINECOLOGIA - Atenção primária

Autores

Julio Cesar Teixeira, Ilana Polegatto Lagosta, Cirbia Silva Campos, Tulio Tomass Couto, Joana Froes Bragança, Michelle Garcia Discacciati, Diama Bhadra Vale, Luiz Carlos Zeferino