60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

Óbito fetal com falha na indução de parto: gestação em corno rudimentar uterino - relato de caso

CONTEXTO

O útero unicorno é uma malformação que ocorre por anomalias no desenvolvimento dos ductos Müllerianos durante a fase embrionária, isoladas ou associadas a alterações do trato geniturinário. Afeta cerca de uma a cada 4 mil mulheres, relacionando-se a restrição de crescimento fetal, parto prematuro, ruptura prematura das membranas, vício de apresentação, abortamento de primeiro e segundo trimestre e morte fetal. Considerando o importante risco obstétrico e a baixa prevalência dessas alterações, torna-se relevante este relato.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Secundigesta, 20 anos, idade gestacional de 23 semanas, gestação prévia e parto normal sem intercorrências, procurou o serviço com pequeno sangramento vaginal. Ao exame, batimento cardíaco fetal inaudível por sonar. Ao ultrassom obstétrico, feto morto com cerca de 16 semanas, peso estimado de 150 gramas, sugerindo óbito fetal há alguns dias. Realizada tentativa de esvaziamento uterino com misoprostol por seis dias e esquema Caldeyro-Barcia, totalizando 5200 mcg via vaginal + 600 mcg sublingual. Após falha na indução do trabalho de parto, optou-se por laparotomia exploradora, com visualização de útero unicorno e feto em corno rudimentar comunicante à direita. Excisão de corno e feto, mantido corno uterino esquerdo de aspecto habitual. Posteriormente, ao ultrassom, útero, rins e vias urinárias de aspecto habitual. Evoluiu sem intercorrências, com alta hospitalar.

COMENTÁRIOS

Os defeitos de fusão lateral Müllerianos são os mais comuns, decorrentes da falha em sua formação ou fusão dos ductos, ou na reabsorção do septo entre eles, resultando em útero septado, arqueado, bicorno ou unicorno. Neste, o corno rudimentar está regularmente associado, e se situa à direita em 62% dos casos. Os sinais e sintomas são variáveis e a maioria é assintomática; contudo, o prognóstico reprodutivo é ruim, com maior risco de intercorrências obstétricas graves. O ultrassom é o exame inicial, pois a ressonância magnética, apesar de ser padrão-ouro, é menos acessível. Todavia, o diagnóstico é desafiador devido à limitação do campo visual e desvio lateral do corno rudimentar. Com frequência, o corno é visualizado apenas à laparoscopia, como neste caso. Conclui-se que, apesar de raras, as anomalias Müllerianas podem ocasionar importantes intercorrências obstétricas. Por isso, deve-se fomentar a busca desse diagnóstico, bem como a avaliação de vias urinárias, para que o tratamento adequado seja instituído prontamente.

Área

OBSTETRÍCIA - Gestação de alto risco

Autores

Vitória Teixeira Melillo, Thainá Sales Santos, Júlia Rayane Ferreira Silva, Mariana Brandão Soares Sousa, Isadora Ramires Bahia, Amanda de Oliveira Vial, Geraldo Magella Flores da Mota, Juliana Augusta Dias