Dados do Trabalho
TÍTULO
ENCEFALOPATIA DE WERNICKE COMO COMPLICAÇÃO DE HIPERÊMESE GRAVÍDICA – RELATO DE CASO
CONTEXTO
A encefalopatia de Wernicke – encefalopatia, disfunção oculomotora e marcha atáxica – é causada pela deficiência de vitamina B1. Na maioria dos casos, associada ao abuso de álcool, pode ocorrer também em outras situações quando há ingesta calórica insuficiente.
Este é um relato de Encefalopatia de Wernicke como complicação da hiperêmese gravídica, aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa – CAAE 29429619.6.0000.5201
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
Primigesta hígida, 17 anos, apresentou náuseas, vômitos e perda de peso de 14kg desde o 1º trimestre, além de diminuição da acuidade visual e edema de papila bilateralmente. Avaliada por neurologista com piora dos sintomas e sonolência, alteração da fala e fraqueza nos quatro membros. Evoluiu com insuficiência respiratória aguda grave, necessitando de intubação orotraqueal. Neuroimagem mostrava lesões hiperintensas em tálamos, mesencéfalo, ponte e bulbo, região periaquedutal e nervos ópticos bilateralmente. Após ciclo de imunoglobulina por cinco dias, sem melhora clínica, foi iniciada reposição de tiamina 1.500mg/dia. Apresentou melhora clínica após quatro dias, com desmame da ventilação mecânica e recuperação parcial da oftalmoparesia e força em membros superiores. No exame neurológico, apresentava paresia ocular de adução à direita e adução/elevação à esquerda, força grau 4 nos braços com reflexos vivos e grau 2 nas pernas com reflexos hipoativos. Transferida para Unidade de Terapia Intensiva, traqueostomizada, mantinha quadro de desorientação. Exame obstétrico na admissão: altura de fundo uterino: 22cm, BCF: 148bpm, sem dinâmica uterina e tônus fisiológico. Mantida tiamina 300mg/dia e suporte nutricional, pesava 37kg. Realizado desmame de traqueóstomo. Exames de pré-natal e USG obstétrica normais. Com 33 semanas e 5dias após ameaça trabalho de parto, foi prescrito betametasona. O internamento na UTI durou até a assistência ao parto normal, com presença de acompanhantes, em posição de cócoras. RN vivo, sexo feminino, Apgar 8/10, peso: 2545g, sem lacerações perineais. Recebeu alta da UTI sem traqueóstomo, sem suporte de O2 e com dieta oral e suplementação. No alojamento conjunto, manteve acompanhamento com equipe multidisciplinar com melhora clínica e apta para alta hospitalar com retorno ambulatorial.
COMENTÁRIOS
Diante da possibilidade de evolução de casos de hiperêmese gravídica para Encefalopatia de Wernicke, o relato do presente caso é importante para uma melhor consciência situacional dos profissionais de saúde que prestam assistência às gestantes.
Área
OBSTETRÍCIA - Gestação de alto risco
Autores
LEILA KATZ, LUANNA VITOR DE MACÊDO, INDIANA MENDONÇA CAMPOS, ANA LUÍSA PINTO CABRAL DA NÓBREGA, LUCAS GOMES DE MORAIS FULCO, BRENA CARVALHO PINTO DE MELO, JOÃO EUDES MAGALHÃES