60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

Hiperaldosteronismo primário em gestante: um relato de caso

CONTEXTO

O Hiperaldosteronismo Primário é uma das causas de hipertensão arterial e hipocalemia grave. A hipocalemia pode causar astenia, cãibras, contrações e paralisias em decorrência do desequilíbrio hidroeletrolítico, enquanto que a elevação dos níveis pressóricos podem levar a maior risco eclâmpsia, restrição do crescimento intrauterino, descolamento placentário e prematuridade.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Feminino, 29 anos, G1P0A0, IG 26s e 4d por USG precoce, queixando-se de mialgia, astenia intensa, náuseas e vômitos, com pressão arterial 140x 90mmHg e identificado hipocalemia (K 1,2 mEq/L). No serviço de origem suspeitou-se de dengue associada a êmese da gestação, iniciando hidratação e reposição de potássio via oral. Devido a progressão grave do quadro, paciente foi encaminhada ao serviço de referência e recebeu o diagnóstico de hiperaldosteronismo primário, complicado com hipocalemia refratária, então foi iniciado reposição endovenosa de potássio, espironolactona 50 mg/dia (antagonista específico da aldosterona) e ajustes de medicações anti hipertensivas. Durante a internação estabilizou-se os níveis de potássio às custas de aumento da dose de espironolactona, com monitoração do oligodrâmnio resultante do diurético. Realizado ainda, tomografia de abdome total, identificando adenoma em suprarrenal direita, medindo 4,6x3,0x4,3 cm. Devido à boa evolução, controle pressórico parcial, controle seriado dos níveis de potássio e vitalidade fetal, a gestação prosseguiu sob supervisão apesar do CIUR e oligodrâmnio severa. O parto cesárea ocorreu com IG 32 semanas e 6 dias, foi realizado por descolamento de placenta identificado em exame físico durante pico pressórico, 170x100 mmHg e confirmado em ato cirúrgico. Recém-nascido, feminino, encaminhada à UTI neonatal, com boa evolução clínica e alta hospitalar após 1 mês. A adrenalectomia videolaparoscópica ocorreu no final do puerpério, ao anatomopatológico adenoma cortical adrenal de dimensões 3,2x2,5x1,5 cm, com margens livres. Já no pós operatório tardio, houve manutenção de normotensão e normocalemia (K 3,55 mEq/L).

COMENTÁRIOS

Portanto, compreende-se que o Hiperaldosteronismo Primário pode ser uma das causas de elevação da pressão arterial associado à hipocalemia na gestação. O aldosteronoma representa uma das raras causas curáveis de hipertensão arterial secundária, e é importante que ocorra seu diagnóstico precoce, evitando suas complicações que elevam a morbidade e mortalidade materno fetal.

Área

OBSTETRÍCIA - Gestação de alto risco

Autores

Agatha Lima Moraes, Melissa Gomes Lins , Maria Aparecida Mazzutti Verlangieri Carmo