60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

TREINAMENTO DOS MÚSCULOS DO ASSOALHO PÉLVICO NA LESÃO OBSTÉTRICA DO ESFÍNCTER ANAL: ESTUDO DE CASO

CONTEXTO

As disfunções do assoalho pélvico (DAP) consistem em uma série de problemas que surgem quando a musculatura pélvica não funciona adequadamente. Para muitas mulheres, as DAP são sintomáticas após muitas décadas, mas mulheres com traumas graves do assoalho pélvico, como a lesão obstétrica do esfíncter anal, podem se tornar sintomáticas pouco tempo após o parto. Este estudo de caso foi desenvolvido no setor de Fisioterapia do grupo especializado em disfunções do assoalho pélvico na gestação, parto e pós-parto (GPAP) (CAAE44331721.8.0000.5505).

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

AOB,23 anos, G1F1, episiotomia,peso RN 3730 gramas, chegou ao setor 40 dias após parto com diagnóstico de laceração perineal de terceiro grau e queixa de perda urinária aos esforços e flatos. Os sintomas de DAP foram avaliados utilizando o Australian Pelvic Floor Questionnaire (APFQ): função urinária, escore 13 [0-45]; função intestinal, escore 9 [0-34]. E para avaliação da função dos músculos do assoalho pélvico (MAP) foi utilizado o esquema Perfect: power 2 [0-5], endurance 3 [0-10], repetition 0 [0-10], fast 7 [0-10], elevation, co-contraction e timing ausentes. A paciente foi orientada a realizar 36 séries mensais de treinamento muscular do assoalho pélvico (TMAP) domiciliar (6-8 segundos de endurance, seguido do dobro do tempo de relaxamento e 3-5 contrações rápidas - 3 séries de 10 repetições, 3x/dia), totalizando 108 séries ao final dos 3 meses de tratamento. Após, observou-se melhora significativa dos sintomas de DAP, através do APFQ: função urinária, escore 0 [0-45]; função intestinal, escore 5 [0-34]. E melhora da função dos músculos do assoalho pélvico (MAP), pelo esquema Perfect: power 4 [0-5], endurance 10 [0-10], repetition 9 [0-10], fast 10 [0-10],elevation e co-contraction presentes, e timing ausente.

COMENTÁRIOS

O trauma perineal é uma consequência de diversos fatores, como episiotomia, peso elevado do RN ao nascer e segunda fase do trabalho de parto prolongado, que de forma isolada ou combinada, podem levar a DAP. Quando se tem o diagnóstico de lesão obstétrica do esfíncter anal até 2 meses após o parto, a incidência de qualquer grau de defeito esfincteriano em primíparas pode chegar entre 27 e 35%. O tratamento conservador, através do TMAP, é eficaz no manejo das DAP, por isso tem sido reconhecida e recomendada como padrão ouro de tratamento. No entanto, ainda são necessários estudos que avaliem o efeito do tratamento consevador em pacientes com lesão obstétrica do esfíncter anal. Agradecimento ao GPAP Study Group.

Área

OBSTETRÍCIA - Puerpério normal e patológico

Autores

Talita Vasco Lima, Amanda Cruz Amorim, Fátima Faní Fitz, Marcia Maria Gimenez, Ana Paula Borges Moura, Sergio Brasileiro Martins, Leticia Maria Oliveira, Marair Ferreira Sartori