Dados do Trabalho
TÍTULO
Tromboflebite pélvica após parto vaginal não complicado: um relato de caso
CONTEXTO
Tromboflebite pélvica (TP) é uma entidade rara e grave que ocorre em estados de hipercoagulabilidade, estando associado ao pós-parto vaginal e principalmente ao pós-operatório de cesariana. A TP mais comumente se apresenta na primeira semana após o parto, como uma síndrome que consiste em dor pélvica, febre e massa abdominal localizada no lado direito do abdome, podendo mimetizar um abdome cirúrgico.
Relatamos um caso de TP em puérpera pós-parto vaginal. Sabe-se que a maioria dos casos de tromboflebite pélvica são mais reportados no lado direito (90%), devido à compressão da veia ovariana direita pela dextroversão uterina e ao fluxo retrógrado da veia ovariana esquerda que protege contra infecções ascendentes. Ao contrário do que é mais esperado, o cenário exposto relatou um caso de tromboflebite pélvica à esquerda no puerpério tardio de paciente pós-parto normal, sem complicações.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
DCB, 31 anos, sem comorbidades, evolui para parto normal com laceração de primeiro grau e inserção de DIU de cobre, sem complicações. Recebe alta em 48 horas. Retorna ao PS 19 dias após o parto apresentando febre, dor abdominal, náusea e vômitos iniciados há sete dias. Exame físico evidencia hipotensão, taquicardia, dor à palpação profunda de fossa ilíaca esquerda, sem sinais de peritonite, loquiação fisiológica e sem odor. Solicitado USG-TV e de abdome total (sem alterações) e rastreio infeccioso com leucocitose sem desvio e PCR de 91,3. Faz uso de clindamicina e gentamicina por 96 horas, retirado DIU de cobre por desejo da paciente e recebe alta após melhora da dor.
Decorridos cinco dias, retorna ao PS apresentando febre, prostração, vômitos e dor abdominal. Exame físico revela mau estado geral, hipotensão, taquicardia, dor à palpação profunda de fossa ilíaca esquerda e à mobilização de colo uterino. Solicitada TC de abdome e pelve com contraste que sugere tromboflebite pélvica. Iniciada anticoagulação plena e antibioticoterapia com ceftriaxone e metronidazol. Após 48 horas, paciente apresenta melhora clínica e laboratorial.
COMENTÁRIOS
Ainda que seja uma complicação incomum, principalmente em parto vaginal, TP deve sempre ser suspeitada em casos de febre persistente em puérperas. Ainda há controvérsias em relação à condução de casos como o apresentado, demonstrando a necessidade de novos estudos que guiem a formulação de uma diretriz específica para o diagnóstico e tratamento da TP.
Área
OBSTETRÍCIA - Puerpério normal e patológico
Autores
Tarlline Ribeiro Sirilo, Stephanie Roca Volpert, Bia Moruz Bichara, Luiza Barbosa Brandão