60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

DISMENORREIA MEMBRANOSA: RELATO DE CASO EM ADOLESCENTE COM ÚTERO DE 488CM³

CONTEXTO

A dismenorreia membranosa (DM), citada desde o século passado, é pouco estudada e abordada na literatura. É caracterizada por dor pélvica, sangramento uterino anormal e saída de material elástico pelo canal cervical. Por serem queixas frequentes, essa hipótese deveria ser mais aventada nos diagnósticos diferenciais da prática clínica. Esse relato de caso foi submetido à Plataforma Brasil e aguarda aprovação pelo Comitê de ética. TCLE foi entregue e assinado em duas vias.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

ALG, 11 anos, virgo, menarca aos 10 anos com fluxo sanguíneo intenso e anemia grave, quando foi realizada transfusão sanguínea e iniciado Gestodeno + Etinilestradiol em internação prévia (uso por 4 meses). Readmitida com quadro de dismenorreia e sangramento vaginal. Ao exame, presença de caracteres sexuais secundários e de sangue em introito vaginal. Útero palpável 1 cm abaixo da cicatriz umbilical. Ultrassonografia pélvica, visualizado útero com volume de 488cm³ preenchido por material heterogêneo, ausência de fluxo ao Doppler e espessura de 36,4mm, ovários sem alterações. β-HCG negativo. Realizado esvaziamento uterino com AMIU e saída de material amorfo elástico em bloco, encaminhado para anatomopatológico. Em laudo, peça com 120g e estudo histológico compatível com DM. Após expulsão do material, apresentou melhora significativa.

COMENTÁRIOS

A DM está descrita em pacientes com idade entre 9-41 anos e todas elas em uso ou suspensão recente de contraceptivos hormonais.Trata-se da expulsão de tecido membranoso pela vagina, precedido de cólicas abdominais intensas. Seus principais diagnósticos diferenciais são abortamento, rabdomiossarcoma e pólipos.
Sua etiologia é desconhecida. As principais teorias são relacionadas ao excesso de progesterona, com resposta endometrial de vasoespasmo severo e necrose tecidual, com casos relatados de expulsão após sua administração. Outras teorias descrevem um aumento na secreção de progesterona e estrogênio, espessamento endometrial e desagregação incompleta, desenvolvimento excessivo de artérias espiraladas, com vasodilatação, seguido de vasoconstrição e descamação endometrial.
O tratamento ainda é controverso e carece de evidências científicas. Atualmente, baseia-se na supressão da ovulação, terapia com andrógenos, curetagem e vasoconstritores. São necessários mais estudos, já que ainda não se sabe se realmente possui baixa incidência ou se apenas é subestimado. O prognóstico é bom, tem uma baixa taxa de recorrência e não apresenta consequências negativas a longo prazo.

Área

GINECOLOGIA - Endocrinologia Ginecológica

Autores

Franciane Braga de Abreu, Laís Breguez Pascoal, Cássio Martins Souto, Marcella Nahas Brandão, Myrian Thays Rodrigues Maurício, Camila Lafuente Rezende