60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

Sangramento uterino anormal (SUA) no Brasil: considerando a prevalência para nortear ações de saúde

OBJETIVO

Avaliar a prevalência de SUA e fatores associados no Brasil.

MÉTODOS

Estudo transversal multicêntrico, incluindo 8 centros representando as 5 regiões geográficas oficiais do Brasil. Incluídas mulheres após a menarca que responderam a um questionário sociodemográfico, de estrato socioeconômico e dados relacionados ao sangramento (autopercepção de SUA e dados objetivos, segundo critérios definidos pela Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia FIGO). Excluídas gestantes, mulheres em lactação, com histerectomia ou com dificuldade cognitiva que impedisse a compreensão das perguntas realizadas. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética da Instituição coordenadora (CAAE nº 40654720.0.1001.5404) e pelo comitê de cada centro participante.

RESULTADOS

Incluídas 1928 mulheres, com 35.5±12.5 anos de idade, sendo 167 pós-menopausa. Nas 1761 mulheres em período reprodutivo, a duração do ciclo menstrual foi de 29.2±20.6 dias, com sangramento por 5.6±4.0 dias. Nestas, a prevalência de SUA, considerando a autopercepção das mulheres, foi de 31.4%. Apenas entre as mulheres que consideravam seu sangramento anormal, ao analisar variáveis objetivas do SUA, verificou-se que o ciclo menstrual apresentava duração menor do que 24 dias em 28,4%, o sangramento durava mais do que 8 dias em 21,8%, 34,1% referia sangramento intermenstrual e 12,8% relatava sinusiorragia. Também nestas, 47% relatava diagnóstico prévio de anemia, com 6% necessitando de tratamento endovenoso (ferro ou hemotransfusão). O período menstrual tem impacto negativo na qualidade de vida de metade de todas as mulheres, porém esta piora ocorre em 80% das com autopercepção de SUA.

CONCLUSÕES

No Brasil, ao menos três em cada 10 mulheres tem SUA (autopercepção), dados em concordância com parâmetros objetivos de SUA, com impacto negativo na qualidade de vida de 8 em cada 10 delas. Na presença de SUA, quase metade já recebeu diagnóstico de anemia. Esta prevalência, além das repercussões na saúde e na qualidade de vida, deve alertar gestores de saúde pública quanto à implementação de ações que melhorem o atendimento oferecido.

Área

GINECOLOGIA - Atenção primária

Autores

GABRIELA PRAVATTA REZENDE, DANIELA ANGERAME YELA, CRISTINA LAGUNA BENETTI-PINTO