60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

AVALIAÇÃO DE CONCORDÂNCIA DAS VERSÕES LONGA E CURTA DA ESCALA DE ESTRESSE PERCEBIDO: ESTUDO MULTICÊNTRICO COM PUÉRPERAS BRASILEIRAS

OBJETIVO

Comparar a concordância da versão longa com a curta da escala de estresse percebido (PSS-14 vs PSS-10) na população de puérperas.

MÉTODOS

Estudo de corte-transversal que conduzido em 3 maternidades brasileiras incluindo mulheres puérperas que tiveram parto de nascido vivo em junho e julho de 2022. O instrumento autopreenchido Perceived Stress Scale (PSS-14) foi aplicado durante a estadia no alojamento conjunto (antes da alta) e os dados foram registrados na plataforma online RedCap. A análise de concordância foi realizada através dos escores das versões longa (14 questões) e curta (10 questões), que foram convertidos para um escore de 0 à 100. Realizamos a comparação de tendência de medida central, percentis e as análises de correlação (coeficiente de Pearson, teste de wilcoxon signed rank) e de concordância (Bland-Altman; coeficiente beta na regressão linear); o p-valor menor que 0,05 foi considerado significativo. A pesquisa foi aprovada pelos comitês de ética nos três centros participantes (CAAE: 49214921.2.2003.5412, 49214921.2.1001.5404 e 49214921.2.2002.8807) e todas as participantes assinaram termo de consentimento livre e esclarecido.

RESULTADOS

No total, foram incluídas 653 puérperas; a média de idade foi 27,8 anos, 68,3% eram não-brancas e 37,7% tinham parceiro. Houve alta correlação entre os escores da PSS-14 e PSS-10 (coeficiente de Pearson de 0,960; p-valor <0,001), porém as medianas foram estatisticamente consideradas diferentes (46,4 e 47,5, respectivamente; p-valor <0,001). Além disso, não houve concordância entre os escores da versão PSS-14 e PSS-10. Segundo coeficiente beta (-0,124) na regressão linear entre média e diferença dos escores (plot de Bland-Altman; p-valor < 0.001), que sugere que a versão curta subestima o escore de estresse.

CONCLUSÕES

A versão curta da escala de estresse percebido não mostrou concordância em relação à versão longa na população de puérperas. Por ter uma aplicação mais rápida, a versão curta poderia ser oportuna no período pós-parto, quando as múltiplas tarefas dificultam a avaliação multidimensional da saúde da mulher. Entretanto, nosso estudo sugere que a aplicação clínica nessa população merece melhor avaliação, sobretudo sobre à relevância clínica da subestimação do estresse e sobre as questões que compõem a versão curta.

Área

OBSTETRÍCIA - Epidemiologia das doenças gestacionais

Autores

Melissa Takayama, Mateus T Morvillo, Julia M Fein, Henrique Cristovão Ferreira, Karayna Gil Fernandes, Debora Farias Leite, Renato Teixeira Souza