60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

TROMBOSE DE VEIA OVARIANA EM MULHER JOVEM - RELATO DE CASO

CONTEXTO

A trombose de veia ovariana (TVO) é um tipo de tromboembolismo venoso de local incomum envolvendo as veias gonadais. Geralmente está associada ao puerpério, distúrbios inflamatórios ou malignidades. A incidência gira em torno de 0.10%. A apresentação clínica é inespecífica, apresentando-se com dor abdominal e febre persistente. Quatro a 16% da TVO não têm fator causal, sendo classificadas como TVO idiopática. Complicações relacionadas a essa patologia podem envolver acometimento de veia cava inferior, veias renais, obstrução uretral aguda, sepse, embolia pulmonar e morte.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Uma mulher de 24 anos procurou atendimento na emergência ginecológica devido a dor em fossa ilíaca e flanco direito, associada a febre. Relatava inserção de dispositivo intrauterino (DIU) há 3 semanas. Ao exame físico, apresentava sinais compatíveis com quadro de doença inflamatória pélvica, sendo instituído início de antibioticoterapia endovenosa com clindamicina e gentamicina. Após 48 horas do início do tratamento, a paciente manteve febre e dor abdominal, sendo realizada tomografia de pelve que evidenciou trombose de veia ovariana à direita. O caso foi discutido com a equipe de cirurgia vascular e iniciado tratamento com enoxaparina 60 mg 2x ao dia, concomitante à antibioticoterapia. A paciente apresentou remissão dos sintomas nos dias subsequentes e recebeu alta hospitalar com orientação de permanecer em uso de enoxaparina 40 mg/dia por 3 meses.

COMENTÁRIOS

A TVO pode ser unilateral ou bilateral, sendo que em 80% dos casos a veia ovariana direita é afetada, enquanto a veia ovariana esquerda e ambas as veias estão envolvidas em 6% e 14%, respectivamente. Quando diagnosticada no puerpério, geralmente ocorre em torno de 2 a 6 dias após o parto ou aborto espontâneo, e em 90% das mulheres surge dentro de 10 dias. Os exames de imagem incluem ultrassonografia com Doppler, tomografia computadorizada e ressonância magnética, e permitem avaliar o diagnóstico e a resposta à terapia. O tratamento consiste na anticoagulação com heparina associada a antibióticos parenterais de amplo espectro, que devem ser iniciados assim que o diagnóstico de TVO for confirmado, e administrados por pelo menos 48 horas após a resolução da febre. Além disso, sugere-se anticoagulação em dose terapêutica por 1 a 3 meses. A recorrência de TVO relacionada à gravidez é baixa em gestações subsequentes, porém recomenda-se profilaxia anticoagulante nas pacientes com estudo de hipercoagulabilidade subjacente durante a gravidez e puerpério.

Área

GINECOLOGIA - Multidisciplinar

Autores

Rodrigo Rossi Balbinotti, Renata Renata Rauber Felkl, Thabata Chiele, Julyana Lunardi Mousquer, Sofia Bulla Paviani