Dados do Trabalho
TÍTULO
RUPTURA UTERINA ESPONTÂNEA, DE ÚTERO BICORNO, EM GESTAÇÃO DE RISCO HABITUAL.
CONTEXTO
O desenvolvimento uterino anormal não possui etiologia bem compreendida, com causas poligênicas e multifatoriais. Os principais mecanismos são agenesia ou hipoplasia mullerianas, defeito na fusão vertical e defeito na fusão lateral. Apesar de normalmente não impedirem a concepção, pacientes com má formações uterinas que engravidam podem desenvolver complicações, entre elas rotura uterina, com risco materno-fetal elevado. A rotura do útero não cicatrizado é rara, estimada em 1 em 20.000 gestações apresentando maiores taxas de complicações. As principais etiologias são trauma, fraqueza miometrial e anormalidades de formação uterina.
Este trabalho tem sua importância devido a gravidade e raridade do quadro descrito, bem como evidenciar a necessidade de identificação e tratamento precoce. O mesmo foi aprovado pelo comitê de Ética da Instituição de Ensino.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
Paciente 26 anos, primigesta, com 17 semanas de gestação em acompanhamento em pré-natal de risco habitual, sem alteração em exames já realizados. Toque vaginal: colo uterino único, fechado e com dor a mobilização. História pregressa de pancreatite, sem causa definida, negava alergias.
Admitida em hospital geral terciário com quadro de dor abdominal difusa de início há uma semana com piora progressiva, associado a hipotensão, taquicardia e torpor. Negava trauma. Foi encaminhada da Unidade de pronto-atendimento (UPA), onde foi admitida neste mesmo dia com sintomas acima descritos com evidência de queda hematimétrica (Hemoglobina: 6,5). Desde o início dos sintomas paciente foi avaliada no plantão da maternidade de referência por duas vezes, sendo na última diagnostica com cistite, prescrito antibiótico oral e liberada.
Submetida a tomografia de abdome e pelve que identificou grande quantidade de líquido livre abdominal, sem outras alterações, inclusive pancreáticas. Laparotomia exploradora identificou hemoperitônio volumoso, feto morto livre na cavidade e útero duplo roto a esquerda. Realizada histerectomia parcial e salpingectomia a esquerda. Necessitou de hemotransfusão e drogas vasoativas no intraoperatório. Apresentou boa evolução após o procedimento, recebeu alta no quinto dia pós-operatório para seguimento ambulatorial.
COMENTÁRIOS
O relato de caso se faz importante devido a sua raridade e gravidade, podendo inclusive evoluir com óbito materno. Casos como esses de rotura em útero sem cicatrizes previas necessitam de alta suspeição pré-operatória, devido a raridade do quadro.
Área
OBSTETRÍCIA - Intercorrências cirúrgicas na gestação
Autores
FRED LEE CAMILO DA SILVA, BRUNA PIMENTA VALENTE, GUILHERME SILVA TEIXEIRA, PAULA SILVA MAIA, VANESSA MARIA DA SILVA QUEIROZ, GABRIEL MARTINS CRUZ CAMPOS