Dados do Trabalho
TÍTULO
Sangramento uterino anormal em brasileiras: análise comparativa entre as 5 regiões oficiais do país
OBJETIVO
Análise comparativa da prevalência de SUA e fatores associados entre as cinco regiões geográficas do Brasil.
MÉTODOS
Estudo transversal de base populacional, descritivo, multicêntrico, com inclusão de 8 centros representativos das cinco regiões geográficas do Brasil. Incluídas mulheres após menarca, recrutadas aleatoriamente em consultas ambulatoriais não especializadas em sangramento anormal. Todas responderam a um questionário sociodemográfico e de dados sobre sangramento uterino (autopercepção de SUA e dados objetivos definidos pela FIGO, considerando duração e frequência dos ciclos). Excluídas gestantes, lactantes, menopausadas, com antecedente de histerectomia ou dificuldade cognitiva que impedisse a compreensão das perguntas. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética da Instituição coordenadora (CAAE nº 40654720.0.1001.5404) e Comitê de Ética de cada instituição participante.
RESULTADOS
Incluídas 1761 mulheres das cinco regiões do Brasil, sendo 724 da região Sudeste (41,1%), 408 da região Nordeste (23,2%), 221 da região Sul (12,5%), 213 da região Norte (12,1%) e 195 da região Centro-Oeste (11,1%). Não houve diferença significativa em relação à idade, porém mulheres da região Norte apresentavam maior prevalência de obesidade graus 1 e 2 (p<0.001). A média de idade da menarca para todas foi de 12 anos, sendo que na região Norte a menarca ocorreu mais tardiamente (13,04±1.8 anos, p<0.001). A prevalência de SUA, considerando-se a autopercepção das mulheres, foi significativamente maior nas regiões Norte (37,5%) e Nordeste (39,4%). Segundo critérios de SUA definidos pela FIGO, a média de duração do ciclo menstrual foi significativamente menor na região Sul (p<0.001). Menos de 1 em cada 10 mulheres de cada região apresentava fluxo menstrual por mais de 8 dias, sem diferença na análise comparativa entre regiões. Dentre as mulheres que consideravam seu sangramento anormal, mais de 70% das participantes do Norte, Nordeste e Centro-Oeste referiram não terem realizado nenhum tratamento para SUA, enquanto nas regiões Sudeste e Sul aproximadamente metade havia realizado alguma abordagem terapêutica (p<0.001). Houve maior dificuldade de acesso à tratamento no Norte no Nordeste.
CONCLUSÕES
O número de mulheres com SUA é maior nas regiões Norte e Nordeste, regiões onde foi evidenciada maior dificuldade de acesso à tratamento e onde a maioria das mulheres relataram não ter realizado nenhum tratamento. Tais dados devem alertar os gestores de saúde pública do país.
Área
GINECOLOGIA - Epidemiologia
Autores
Gabriela Pravatta Rezende, Leticia Mansano de Souza, Sergio Lourenço Polo Filho, Daniela Angerame Yela, Cristina Laguna Benetti-Pinto