Dados do Trabalho
TÍTULO
NEOPLASIA INTRAEPITELIAL DE ALTO GRAU MULTICÊNTRICA RECORRENTE EM PACIENTE IMUNOSSUPRIMIDA
CONTEXTO
O papilomavírus humano é a infecção sexualmente transmissível mais frequente com persistência em 10-20% dos casos, podendo evoluir para lesões intraepiteliais escamosas com risco de malignas ou pré malignas. Os fatores de risco para persistência e recorrência estão relacionados ao vírus e à imunidade do hospedeiro.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
Uma paciente de 40 anos, portadora de hipertensão arterial secundária e com história de transplante renal, usuária de imunossupressores, foi encaminhada ao serviço de Patologia do Trato Genital Inferior deste hospital, devido a colpocitológico de rastreio com laudo de lesão intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL). Ao exame colposcópico, visualizado epitélio acetobranco denso, biopsiado que demonstrou HSIL. Submetida a exérese de zona de transformação tipo 1 com alça de cautério, o laudo anatomopatológico denotou HSIL com margens livres. Após dois anos com citologias normais, apresentou extensa área hiperpigmentada em região vulvar e perianal, múltiplas lesões com relevo irregular e acetorreativas, sendo submetida a exérese das lesões com microagulha, anatomopatológico compatível com HSIL da vulva e periânus. Em um ano, apresentou HSIL em citologia e achados maiores à colposcopia, indicada exérese de zona de transformação tipo 3 com bisturi a frio, demonstrando HSIL e margem endocervical comprometida. Após um ano, nova coleta de citologia cervical denotando HSIL. Observada placa acetobranca e hiperceratótica no contorno vulvar, placa com superfície papilar e captação parcial de lugol em parede vaginal direita e achados maiores à colposcopia em cérvice. Submetida à nova conização a frio, microfragmentação de lesão vaginal e exérese de lesão vulvar. O anatomopatológico indicou HSIL cervical com margem ectocervical comprometida, HSIL vaginal e LSIL vulvar. Após 5 meses, apresenta novas placas hipocrômicas multicêntricas em vulva sugestivas de lesões de alto grau. Exame minucioso não revela lesões vaginais ou cervicais, e colpocitologia oncótica de seguimento foi negativa. Optado por tratamento com imiquimode aplicado semanalmente por dois meses com melhora completa das lesões. Paciente permanece em acompanhamento semestral.
COMENTÁRIOS
Pacientes com histórico de transplante de órgãos apresentam um desafio ao tratamento das lesões decorrentes da infecção pelo HPV e devem estar sob vigilância. Lesões em três sítios consistem em menos de 10% dos casos de multicentricidade, tornando a paciente descrita um caso relativamente raro.
Área
GINECOLOGIA - Patologia do Trato Genital Inferior
Autores
Rita Maira Zanine , Paula Vieira de Mello, Jullie Anne Chiste, Dalila Rodrigues, Dulcimary Dias Bittencourt