60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

Correção cirúrgica de espinha bífida fetal por mini-histerotomia em um hospital universitário: resultados cirúrgicos, obstétricos e pós-natais

OBJETIVO

1) Descrever os principais resultados cirúrgicos, obstétricos e pós-natais relacionados ao reparo pré-natal de espinha bífida aberta através da técnica da mini-histerotomia.
2) Descrever os fatores de risco associados às principais complicações obstétricas e à ocorrência de derivação ventriculoperitoneal (DVP) aos 12 meses de vida.

MÉTODOS

O desenho do presente estudo foi do tipo observacional de corte transversal, com coleta prospectiva e análise retrospectiva dos dados das primeiras 39 pacientes submetidas à cirurgia pré-natal de espinha bífida em nosso serviço, entre outubro de 2015 e agosto de 2019. O protocolo do estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa do hospital (CAAE 93020218.7.0000.0068). A técnica cirúrgica utilizada foi a mini-histerotomia. Regressões logística e de Poisson foram utilizadas para estimar a odds-ratio (OR) e a razão de prevalência (RP) dos fatores associados às principais complicações obstétricas e à ocorrência de DVP até 12 meses de vida. A significância estatística foi considerada com valor de p < 0,05.

RESULTADOS

A idade gestacional média na cirurgia foi 24,88 ± 1,16 semanas. As principais complicações obstétricas foram rotura prematura de membranas ovulares - RPMO (46,2%), parto prematuro (76,9%) e corioamnionite (33,3%). O único fator de risco relacionado à ocorrência de RPMO < 34 semanas e de parto prematuro < 34 semanas foi a corioamnionite (p < 0,001, OR 18,33 [3,44 – 97,7] e p = 0,012, OR 7,50 [1,38 – 40,88], respectivamente). Treze crianças (34,2%) necessitaram da DVP no primeiro ano de vida. Os fatores de risco para ocorrência de DVP aos 12 meses foram a medida do ventrículo lateral antes da cirurgia (quanto maior sua medida, maior o risco; p = 0,010, RP 1,15 [1,03 – 1,28]), nível mais alto da lesão (p , 0.001, RP 4,28 [2,09 – 8,76]) e idade gestacional mais tardia à cirurgia (p = 0,034, RP 1,51 [1,03 – 2,21]).

CONCLUSÕES

O reparo pré-natal da espinha bífida aberta através da mini-histerotomia é factível no âmbito do sistema único de saúde, com resultados similares aos relatado na literatura em relação aos riscos e benefícios. As principais complicações obstétricas foram RPMO, parto prematuro e corioamnionite. Houve frequência inferior de DVP aos 12 meses em nossa população quando comparamos com outros trabalhos. Assim, concluímos que alguns dos principais benefícios do procedimento estão presentes, apesar de não podermos negligenciar as complicações relacionadas à cirurgia fetal para correção de espinha bífida aberta em nosso serviço.

Área

OBSTETRÍCIA - Medicina fetal

Autores

LUANA SARMENTO NEVES DA ROCHA, Victor Bunduki, Antônio Gomes de Amorim Filho, Daniel Dante Cardeal, ROSSANA PULCINELI VIEIRA FRANCISCO, MARIO HENRIQUE BURLACCHINI DE CARVALHO